terça-feira, 20 de julho de 2010

A Menina do Meu Silêncio




A linda princesa da minha vida,

Deslumbrante como a lua na noite escura

Quando vem pra mim, vestida

Como um anjo cheio de graça, beleza e ternura.

Te amo tanto que sem ti não posso viver

Pois minha existência fica sem sentido.

Os momentos que vivemos nunca vou esquecer

Pois não dá pra fingir como se não os tenha vivido.

Nós, que sofremos e ainda assim, amamos

Bem conhecemos este sentimento puro.

Da minha existência dedicada a ti, como sonhamos

Nestas velhas folhas volto aqui e a ti juro.

A chama ardente dos meus dias triste,

A cicatriz da minha dor em silêncio,

A razão por que meu corpo ainda sub-existe,

És tu, menina do meu silêncio.



Lua Cheia




Companheira funesta da meia-noite,

Da minha tristeza um infeliz açoite,

Faze-me, pois, pagar o preço da vida,

Deste desditoso a maldita e lúgubre descida.

Clareia minha fronte com os raios das tuas entranhas,

Alumia o rosto dessas pessoas estranhas

Que passam por mim tão indiferentes

Pensando apenas em si, como loucos cristãos crentes.

Ó lua celeste de cor tão pálida!

Venha conceder-me alívio profundo

Desta vida medíocre, infeliz e inválida

Das angústias pesarosas desse mundo.

Deixe-me embriagar com teu brilho ofuscante

Como o brilho dos olhos da ex-amante.

Deixe-me alcançar-te no meu sonho

E morrer para encontrar a paz que tanto espero e junto a ti suponho.



Amor Proibido




Sentimos queimar a paixão desde criança,

Ocultando de todos esta triste verdade.

Alimentando em silêncio um amor sem esperança,

Pensando talvez ser ilusão da mocidade.

Mas o tempo passou e amadurecemos

E num inesperado encontro o primeiro beijo aconteceu,

Olhamo-nos estupefatos e empalidecemos,

Pois nem com o tempo e a distância o amor padeceu.

Outro encontro e fizemos amor.

Ardente como uma chama.

Embriagados de anciã, prazer e topor

De corpos que um pelo outro chama.

O futuro é um imprevisto

Mas de qualquer forma ao teu lado quero estar.

Uma história de amor como eu nunca tinha visto.

Senti o teu corpo junto ao meu queimar.



Desejos Ocultos




Meus sentimentos por ti reprimidos,

Cravados em meu peito como lâmina afiada,

De um amor por poucos vivido

Nesta dura existência injustificada.

Todos conhecem minha busca pessoal

De um ateu quer acreditar em amor

Quebrando esta carcaça superficial

Forjada com tanto sofrimento e dor.

Mas como dizer isto que sinto

Se um muro ergue-se entre nós?

Se ao menos ficássemos em um recinto

À luz do luar, declarando amor à sós.

Como dizer-te meus desejos ocultos?

Como celebrar esta paixão avassaladora?

No silêncio da noite dar-te beijos mudos!

E unir para sempre duas almas sofredoras.



O Ateu




Acreditou outrora em deus e divindades,

E como todos cumpriu sua cota de compaixão,

Mas sua mente madura e já de certa idade,

Não mais acredita em milagres nem nas coisas do coração.

De deus nunca obteve respostas,

E tanto este como o diabo nunca viu.

Sentiu sangras suas feridas expostas

Sem que nenhuma entidade por ele inteviu.

Como um louco então ele lia,

E nos livros descobriu que é bem mais forte

Do que nas igrejas e religiões se sentia.

Podia desafiar a vida e até a morte.

Hoje tenta ajudar os fracos

Pois ele próprio já o foi outrora.

Abrindo-lhes os olhos que mal podem ver, vagos

Fazê-los fortes ateus como ele, agora.

Mas não lhes impõe verdades absolutas,

Pois mesmo que estejam no caminho errado

Bem sabe que suas mentes são no fundo resolutas.

E assim segue sua estrada de ascensão e poder

Tomando para si o que Nietzsche escreveu

Vários livros de conteúdo pode ler

Pois esta é a sina de um recluso ateu.


Soneto #1




Diante da tua presença meu corpo estremece,

Mãos e pernas ficam trêmulas,

E minha face fria se empalidece.

Nem as estrelas tem o brilho dos teus olhos,

Nem a noite se compara a seus encantos.

Sentimentos em mim angustiantes e medonhos,

Quando em presença desta mulher que amo tanto.

Quando estou contigo a conversar

Falta-me na boca as mais simples palavras,

Contento-me, então a te vislumbrar.

Ah amor, se eu pudesse te dizer

Os sentimentos em meu peito que por ti consumo

Entenderias, de certo, o que tanto venho a sofrer

Ansiando contigo dar ao meu amor finalmente um rumo.


Mórbida Obsessão



A escuridão do meu recinto é quebrada por uma pequena luz que passa pela fresta da janela.
Vejo-a ali, deitada em minha cama, nua, pálida como um defunto, os olhos fechados, o corpo suado, a respiração ainda ofegante.
Nossas roupas misturam-se espalhadas pelo chão do quarto.
Na minha taça ainda resta uma ultima dose do vinho que nos embriagou.
Eu o bebo, e lanço a taça de encontro a parede, num desejo doentio de saciar minha fúria. Ela se quebra, e com ela o pouco de sanidade que me restava.
A realidade é dolorosa, fria e cruel.
Vejo teu corpo ali no meu quarto, na minha cama, mas sei que não me pertence.
Sei que logo voltará aos braços daquele que ama, e eu não passarei de uma vaga lembrança de prazer... nada além de um objeto de prazer.

Maldita!!!

Hoje, porém, tu não voltará mais para os braços daquele que a espera.
Tú serás minha... para sempre!!!
Pego o travesseiro (o mesmo que servira para descansar tua cabeça enquanto fazíamos amor).
Olho mais uma vez teu corpo, ainda vivo...
E bruscamente pressiono-o contra tua face angelical.
Sinto seu corpo debater-se sob mim, num instinto louco de sobrevivência. Até que lentamente seus músculos relaxam...
Levanto o travesseiro e a vejo: jaz sobre meu leito.
O silêncio que se segue só é quebrado por uma música que não parece ser desse mundo:

Bauhaus – Bella Lugosi’s Dead.
Sei que é você me chamando do outro lado.
- Já estou indo meu amor!!! – gritei

Tudo está preparado: a corda, o banco... e eu.
Amarro a corda em um lugar alto, faço o laço, subo no banco, passo a corda pela cabeça e a deixo no pescoço.
Tudo lento, acompanhando o ritmo da música, como num ritual.

- Já estou indo meu amor!!! – desta vez o som da minha voz ecoa pelo recinto de forma insana, doentia.
Dou uma última olhada em seu corpo: agora calmo... em paz.
Derrubo o banco, e para minha surpresa meu pescoço não se quebra com o impacto do peso do meu corpo.
O laço aperta.
Sinto uma dor aguda...
Gritar é impossível...
Desistir é uma ilusão... e nem quero.
Minha visão embaça.
O ar já não vai mais para os meus pulmões e meu último pensamento antes de ir rumo a escuridão é:
- Já estou indo meu amo...




Uma Face na Escuridão




“Num destes bailes da vida ela entrou com embaraço. Seu rosto ocultado por sua máscara, lhe vinha menos de frangalho de fantasia do que do seu ar de extrema penúria.”

Fez por parecer alegre. Tentou sorrir, e perguntou tristemente:
-Você me conhece?
-Não conheço não.
-Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos que a paixão dos homens (estranha paixão) o faziam maiores... o faziam infinitos.
E tu não me conheces?
-Não conheço não.
-Se eu falava, um mundo irreal abria-se à minha visão.
E tú não me escutavas, pois estava perdido na noite sem fim, das palavras que te dizia.
E o som da minha voz era para teus ouvidos, canto; para tua mente, persuasão.
E agora, tú dizes que não me conheces?
-Não conheço não.
-Por mim perdestes o sono inúmeras vezes, enquanto teu ciúme desumano o despedaçava.
Por mim quantas vezes quase tu matastes, quase te matastes, quase te mataram!
E agora me olhas e não me conheces?

-Não conheço não.
Conheço bem o que é a vida:
É sonho, ilusão... a vida é traição!

“E seus olhos ficaram baços, como duas poças de água suja...”



segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sussurros na Noite




Caminhando solitário na floresta do esquecimento.
Deixando pelo caminho uma trilha de sangue.
A ferida no meu corpo é visível, mas ainda que não fosse, bastaria olhar para mim pra saber que a vida se esvai do meu corpo, como o sangue da minha veia.
O crepúsculo chega ao fim.
Surge a noite.
Sua magnitude me deixa ébrio dessa ância louca que só é possível sentir nas horas tardias.
Um silêncio ensurdecedor toma conta de tudo ao meu redor, e uma vez mais me encontro sozinho.
Olhares fulminantes são direcionados a mim naquela escuridão.
Seres noturnos, como eu.
Sobreviventes do dia, donos da noite.
De repente um som surge daquela escuridão e silêncio...
Um som baixo, quase inaudível...
Um sussurro.
Era a única voz que eu queria ouvir.
A única voz que me atraia, como uma serpente atrai sua presa.
Caminhei com dificuldade na direção de onde vinha o som.
Naquela ausência de luz, tudo o que pude ver foi um vulto.
Aproximou-se de mim.
Meu corpo já não obedecia a meus comandos.
Senti um ar frio na nuca.
Era sua respiração.
Estava ofegante.
E mais uma vez tentei correr, tentei gritar.
Impossível.

Meu corpo já não era meu.

Era dela.
Aproximou-se mais de mim e sussurrou algumas palavras.
Palavras de despedida.
Meu corpo se arrepiou.
Uma coruja piou em algum lugar.
Foram os últimos sons que ouvi.
O que aconteceu depois foi inevitável.
E assim, dei meu último suspiro...
E parti...


No Silêncio da Noite




A taça está quase vazia...
O último cigarro vira cinza na minha mão...
A música soa como um eco pelo quarto vazio...
No céu não há lua... não há estrelas...só a escuridão.

A noite fria segue silenciosa.
Como se o mundo parasse para ouvir meu sofrimento.
Como se todos estivessem de luto pela minha morte.
Como se sentissem minha angústia, meu desespero.

Todos vêem no meu rosto alegria...
Uma alegria que não existe
Senão nos meus sonhos...

Que sentido há na vida?
Que sentido há em suspirar esse ar?
Não há sentido algum!


Marionete




Meus sentimentos onde estão?
O que fez de mim uma marionete
Frio, calculista, sem alma?
Com um peito vazio, sem coração...

O amor é uma flor murcha.
Já quase morta, pois eu a envenenei.
No jardim morto da minha vida·

Nenhuma flor vai brotar.

Os únicos sentimentos que sinto
São dor, tristeza e agonia...
Bem quisera eu ser uma estátua de pedra
Para nem estes poder sentir.

As vezes sinto vontade se ser um humano
Para saber como é amar
Para saber como é ser feliz
Mas meu mundo é outro...
Esta utopia não me pertence.



Silêncio




”Silêncio”

Deixem-me aqui sozinho,
Deixem-me aqui, isolado no meu canto,
Sentindo o silêncio me consumir por dentro
Como uma fera faminta.

Não me venham com sorrisos falsos e gentis,
Com sorrisos mecânicos de quem quer ajudar,
Um sorriso de robô, programado para enganar.

Não me venha querer ensinar o que você não sabe,
Cantar uma música que nunca ouviu,
Dizer palavras sem sinônimos
Falar de sentimentos que nunca sentiu.

Só o silêncio me entende.
Ele não mente pra mim por interesse.
Não diz que me ama... pra depois me matar.


Desumano




”Desumano”

Fujo do meu passado, já que não consigo apagá-lo...
As lembranças são punhais rasgando minha carne,
São o metal frio cravado no meu peito...
Quantas pessoas mais vou ferir?
Quantas pessoas mais vão se decepcionar?
Já não sou humano...
Este corpo não me pertence mais...
E será que algum dia me pertenceu?
São perguntas...
...infinitas perguntas que nunca serão respondidas.

Estou envolto em um vazio... em um nada...

Eu sou um vazio...
Eu sou um nada...
Eu sou um desumano



Sentimentos



Meus olhos ainda que petrificados
Como olhos de estátua,
Revelem sentimentos ocultos e proibidos
Que eu nem imaginava poder sentir.

Sentimentos profanos de desejo
Pois sei que amor não é.
Eu o matei há muito tempo
E em meu coração ele já não brota mais.

Mas o que é este sentimento então
Que contorna meu subconsciente,
Meu raciocínio lógico e preciso
Para me aterrorizar?

Não posso senti-lo!
Vou matá-lo!
Como fiz com todos os outros sentimentos.

Não quero perdê-la...
E sentimentos de qualquer espécie
Só distanciam as pessoas de mim.
Por que com ela seria diferente?

Vou voltar à solidão...
Minha única inseparável companheira...


Prólogo




“Prólogo”

Há dias vislumbrava um imenso vazio consumir lentamente minhas forças, meus sentimentos e minha vontade de viver.

Ficava horas a fio olhando a paisagem tão conhecida, com a mesma admiração de um artista ou de um forasteiro. Cada detalhe, por menor que fosse não passava despercebido pelos meus olhos e, da mesma forma, nenhum som aos meus ouvidos. Meus sentidos estavam aguçados. Podia sentir facilmente o perfume das flores que iam de encontro ao chão, pois tamanha era a força da chuva e do vento.

Não resisti a essa decadência da natureza: o céu nublado com grandes nuvens escuras; as árvores balançando seus galhos de um lado a outro, como se dançassem com o vento, ou para o vento; o frio que vinha de fora e arrepiava meu corpo com um ar gélido, quase fatal e, ao mesmo tempo prazeroso.

Ante a essas tentações, corri para fora e, já todo ensopado, pude sentir minhas mãos trêmulas, meu corpo pálido, arrepiado e um sorriso doentio nos lábios. Fiquei ali por mais alguns minutos, sentindo aquele misto de prazer e dor.

Adentrei meu quarto: um cubículo de alguns poucos metros quadrados; os poucos móveis Ficavam miseravelmente distribuídos de forma aleatória; as parede estavam úmidas, pois há dias chovia. Despi-me das roupas molhadas e peguei outra, querendo evitar um resfriado. Sentei-me, frente a minha escrivaninha, peguei o cigarro e o vinho, a caneta e o papel e pus-me a escrever. Ao Terminar esta já tão conhecida tarefa, reuni meus manuscritos, os que acabara de fazer e alguns outros que já possuía.

Dessa forma fiz esta seleção de minhas obras, as quais agora você tem em mãos.

“Eu sou alguém e, sobretudo, não me confundas com os outros.”

Friedrich Nietzsche