segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sussurros na Noite




Caminhando solitário na floresta do esquecimento.
Deixando pelo caminho uma trilha de sangue.
A ferida no meu corpo é visível, mas ainda que não fosse, bastaria olhar para mim pra saber que a vida se esvai do meu corpo, como o sangue da minha veia.
O crepúsculo chega ao fim.
Surge a noite.
Sua magnitude me deixa ébrio dessa ância louca que só é possível sentir nas horas tardias.
Um silêncio ensurdecedor toma conta de tudo ao meu redor, e uma vez mais me encontro sozinho.
Olhares fulminantes são direcionados a mim naquela escuridão.
Seres noturnos, como eu.
Sobreviventes do dia, donos da noite.
De repente um som surge daquela escuridão e silêncio...
Um som baixo, quase inaudível...
Um sussurro.
Era a única voz que eu queria ouvir.
A única voz que me atraia, como uma serpente atrai sua presa.
Caminhei com dificuldade na direção de onde vinha o som.
Naquela ausência de luz, tudo o que pude ver foi um vulto.
Aproximou-se de mim.
Meu corpo já não obedecia a meus comandos.
Senti um ar frio na nuca.
Era sua respiração.
Estava ofegante.
E mais uma vez tentei correr, tentei gritar.
Impossível.

Meu corpo já não era meu.

Era dela.
Aproximou-se mais de mim e sussurrou algumas palavras.
Palavras de despedida.
Meu corpo se arrepiou.
Uma coruja piou em algum lugar.
Foram os últimos sons que ouvi.
O que aconteceu depois foi inevitável.
E assim, dei meu último suspiro...
E parti...


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