
“Num destes bailes da vida ela entrou com embaraço. Seu rosto ocultado por sua máscara, lhe vinha menos de frangalho de fantasia do que do seu ar de extrema penúria.”
Fez por parecer alegre. Tentou sorrir, e perguntou tristemente:
-Você me conhece?
-Não conheço não.
-Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos que a paixão dos homens (estranha paixão) o faziam maiores... o faziam infinitos.
E tu não me conheces?
-Não conheço não.
-Se eu falava, um mundo irreal abria-se à minha visão.
E tú não me escutavas, pois estava perdido na noite sem fim, das palavras que te dizia.
E o som da minha voz era para teus ouvidos, canto; para tua mente, persuasão.
E agora, tú dizes que não me conheces?
-Não conheço não.
-Por mim perdestes o sono inúmeras vezes, enquanto teu ciúme desumano o despedaçava.
Por mim quantas vezes quase tu matastes, quase te matastes, quase te mataram!
E agora me olhas e não me conheces?
-Não conheço não.
Conheço bem o que é a vida:
É sonho, ilusão... a vida é traição!
“E seus olhos ficaram baços, como duas poças de água suja...”
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